IDENTIDADE VISUAL

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A marca do Brasil na PQ 2019

 

Criada por Patrícia Cividanes, logo sintetiza um manifesto contra o desmonte da arte brasileira

 

Faltando pouco menos de um ano para a 14ª Quadrienal de Praga, o Brasil apresenta a logomarca que estará nos materiais de divulgação, no  Brasil e no Exterior, das Mostras Nacional, Estudantes e Fragmentos  - que vão representar o país no maior evento internacional dedicado ao espaço e ao desenho da cena.

De autoria da designer gráfica e fotógrafa Patrícia Cividanes a logo é crua. Atinge sem rodeios os olhos de quem a vê, deixando a sensação de algo “inacabado”, como um trabalho em andamento que convida o observador a participar de sua construção coletiva.

Longe de ser uma crítica, essa observação, além de não ser gratuita, revela a profundidade com que Patrícia criou a marca, a partir das provocações feitas pela equipe de curadores do Brasil.

Liderado por Aby Cohen, o grupo se valeu dos três eixos criativos da PQ 2019 - Memória, Imaginação e Transformação - para pautar uma "poética da construção”, um manifesto contra o desmonte que arte brasileira vem sofrendo nos últimos anos.

A principal provocação da identidade visual, explica Aby, é pensar no que seria o construtivismo no momento atual - uma referência ao artista construtivista que acreditava ter o poder de colocar toda a sociedade como uma questão política, apontando criticamente para suas necessidades.

“Com esta marca, fazemos a crítica e apontamos para possíveis construções em repudio à estagnação. É a arte não como um espelho para refletir o mundo, mas como ferramenta para forjar a si mesma”, diz Aby Cohen.

Assim, a identidade visual do Brasil na PQ 2019 propõe um diálogo entre a cultura popular e o construtivismo, em uma paleta crua: preto, cinza, rosa e amarelo. Sem nuances, sem matizes.

O preto é brutalidade da matéria. O cinza, a aridez do concreto, da chapa de zinco batida. O rosa, o madeirite das construções populares (material base da exposição do Brasil na edição de 2011, que rendeu ao país sua segunda Triga de Ouro, maior prêmio da Quadrienal de Praga).

E o amarelo, talvez a mais simbólica de todas as cores da paleta, remete às riquezas roubadas do Brasil, sobretudo as artísticas. Aquelas que nunca foram resgatadas, mas que escorrem sobre o concreto, a chapa de zinco, o madeirite e a matéria bruta, como se gritassem: a arte resiste.

 

Rodrigo Hilário é jornalista, pesquisador e integrante da equipe PQ Brasil