“...cenografia é uma coisa difícil de se compreender, exibí-la requer muita destreza, exige muita reflexão e bastante risco.
A Quadrienal de Praga 2011 desafiou os curadores a reconsiderarem alguns dos pontos mais importantes relacionados à cenografia, instigando-os a repensar cautelosamente sobre cenografia neste início de século. Questionando não apenas como a cenografia é feita e os formatos que adquire, como também, e mais precisamente, onde e porque ela acontece, e o que é exatamente. A exposição Brasileira na Mostra Países e Regiões foi um livro-exposição, um local onde se podia passar horas lendo, descobrindo, experimentando novos fatos, imagens, conexões e detalhes. Para cada projeto de cenografia, uma nova forma curatorial de expor foi procurada para melhor se adequar ao projeto específico, propondo para cada trabalho sua própria lógica, local e forma – nos mostrando mundos em cada um dos projetos. Isso criou uma certa diversidade nas formas de olhar e entender, no sentido de recriar cada contexto, interação e significado. Foi vívida. Este é um dos adjetivos que o júri da PQ 2011 usou para explicar o prêmio da Triga de Ouro dado ao Brasil. E eu concordo. Foi “vívida” no sentido de que se mostrou uma gama infinita de formas e papéis que a cenografia contemporânea desempenha, das pequenas intervenções em lugares públicos aos espaços dos site-specific e teatros convencionais de larga escala, apresentando o urbano, o dramático, o conceitual e o antropológico, mostrando que a cenografia tem um papel na multiplicidade das formas performáticas. Contudo, a vivacidade mais importante na exposição Brasileira é política, urgente e significativa. Demonstrou-se que multiplicidade não é uma palavra politicamente correta, não é uma suposição conceitual formal, mas sim uma necessidade, e que a cenografia é múltipla porque é parte da vida, que é múltipla”.
Sodja Lotker
Diretora artística da PQ2011